domingo, 10 de abril de 2011

José "E agora José?"

José é um poema de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz que obtem o nome "E agora José?". A figura de José vem nesse poema, justamente como representação de um problema coletivo. O poema todo está centrado na reflexão sobre a existência de José que resiste e segue vivendo. Começa e termina de forma interrogativa o que vem enfatizar o problema do direcionamento da existência.


                            José                                                                    
                                                                              Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?





Este agora na voz de Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

  1. Tá Muito Bom! Continue Assim.
    By: Wesley Santos e Paulo Ricardo

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  2. Esse poema e mtoo bom .Ele fala d um josé q tem uma vida mtoo triste.assJoão Paulo

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  3. Mayara Ingrid da Silva8 de julho de 2011 às 11:52

    O poema de Carlos Drummond de Andrade, mostra a realidade das pessoas mais velhas, onde perdem a alegria de viver já que não possuem mais emprego e nenhum familiar os apoiam e sim os abandonam, e eles ficam sem ilusão e sem sonhos, e passam o tempo a se questionar sobre a vida.

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